Partos feitos em casa são menos arriscados do que os de
hospital, principalmente na segunda gravidez, sugere uma pesquisa publicada na
revista científica British Medical Journal.
O estudo, realizado por pesquisadores holandeses, indica que, no geral, os
riscos de complicações severas é de 1 em mil para partos caseiros e 2,3 em mil
para partos nos hospitais
Para mulheres com gravidez de baixo risco que têm o primeiro filho em casa,
as chances de precisarem de tratamento intensivo e transfusão de sangue eram
pequenas e similares ao das mulheres que dão à luz no hospital: 2,3 por mil em
partos caseiros e 3,1 por mil para partos de hospital.
Já para mulheres na segunda gravidez, os riscos de complicações severas eram
bem menores em partos domiciliares. Entre essas grávidas, a chance de sofrer
hemorragia pós-parto era de 19,6 por mil, em comparação com 37,6 por mil para
mulheres atendidas no hospital.
Os pesquisadores, que incluem parteiras especializadas e obstetras das
universidades de Amsterdã, Leiden e Nijmegen, avaliam que os dados são
"estatisticamente importantes".
A pesquisa analisou cerca de 150 mil mulheres com gravidez de baixo risco na
Holanda que deram à luz entre 2004 e 2006. Entre elas, 92.333 tiveram bebês em
casa e 54.419 foram atendidas no hospital.
Resposta eficiente
Na Holanda, partos caseiros respondem por cerca de 20% do total de
nascimentos no país.
A pesquisadora Ank de Jonge, do VU University Medical Centre em Amsterdã,
disse que os dados mostram que o sistema holandês funciona bem.
"Isso vem de um bom sistema de avaliação de risco, que inclui boa rede de
transporte e parteiras treinadas", disse Jonge.
A pesquisadora acrescenta que mulheres que dão à luz em casa têm menos
chances de sofrer intervenções, mas em caso de emergências "é preciso que a
resposta seja eficiente".
Cathy Warwick, presidente da Royal College of Midwives da Grã-Bretanha, disse
que a pesquisa prova que há segurança e benefícios dos partos caseiros para
algumas mulheres, principalmente as que dão à luz pela segunda vez.
"Esta pesquisa deveria estimular serviços de maternidade a alocarem mais
recursos para oferecer mais oportunidades para que as mulheres tenham partos em
casa. Sabemos que muitas delas gostariam de fazê-lo, mas não podem por causa da
falta de parteiras", disse Warwick.
No Brasil, 97% dos partos são feitos em hospitais, segundo o Ministério da
Saúde. O Sistema Único de Saúde, por meio do Projeto Cegonha, lançado em 2011,
vem promovendo a capacitação e qualificação de doulas (acompanhantes) e
parteiras tradicionais que fazem partos em regiões mais isoladas do país, onde
há falta de hospitais e médicos.
Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/06/130614_partoscaseiros_riscos_fl.shtml